As tensões entre EUA e China permanecem sem solução. "Se não chegarmos a um acordo, haverá uma guerra comercial", disse Donald Trump, acrescentando que, se não fosse pela tarifa de 100%, "a América seria tratada como capacho". Como de costume, o presidente fez essas declarações após o fechamento do mercado — mas mesmo sem retórica agressiva, o S&P 500 já tinha motivos suficientes para recuar.

Qualquer sistema financeiro depende não apenas de seus maiores participantes. Enquanto grandes instituições como Goldman Sachs e Bank of America divulgaram resultados corporativos sólidos, bancos de médio e pequeno porte decepcionaram. Diversas instituições regionais revelaram problemas relacionados a atividades fraudulentas de concessão de crédito, reacendendo temores quanto a perdas com empréstimos inadimplentes e levantando novas dúvidas sobre a estabilidade econômica mais ampla.

Para piorar, resultados decepcionantes de companhias de seguros provocaram a queda setorial mais acentuada em dois dias desde a liquidação do Patriot Day, em abril.

Desempenho do Índice do Setor de Seguros

A fraqueza combinada nos setores bancário e de seguros sinaliza indícios de um arrefecimento mais amplo da economia. No entanto, esses sinais ainda são difíceis de confirmar, já que o governo dos EUA permanece parcialmente paralisado. Como resultado, o Federal Reserve está, essencialmente, "voando às cegas" em seu atual ciclo de expansão monetária. Mesmo os membros mais dovish do FOMC começam a recomendar cautela.

O membro do FOMC Christopher Waller destacou essa preocupação, observando que, após um corte na taxa dos fundos federais em outubro, o banco central deveria pensar duas vezes, talvez sete vezes, antes de tomar a próxima decisão. Waller apontou a desconexão entre o forte crescimento econômico e o enfraquecimento do mercado de trabalho, uma combinação que "não deveria coexistir". Segundo ele, ou o PIB desacelerará em breve, ou o emprego precisará se recuperar. O Fed, enfatizou, "deve permanecer vigilante e depender dos dados." Mas aí reside o problema fundamental: os dados necessários não estão disponíveis.

Essa é a ironia da situação. Enquanto Donald Trump exige cortes agressivos nas taxas de juros, o Fed não pode avançar com novas flexibilizações sem dados concretos do mercado de trabalho que justifiquem plenamente a decisão. Por outro lado, qualquer sinal de recuperação nesse mercado eliminaria completamente a justificativa para outro corte em dezembro.

O Fed se encontra em um estado de limbo, e os mercados já não podem contar com estímulo monetário agressivo no curto prazo. Isso reduz a capacidade do S&P 500 de continuar avançando. Somando-se à incerteza persistente em relação à guerra comercial, o resultado é uma ansiedade compreensível entre os investidores. Até que o desfecho da mais recente rodada de negociações entre Washington e Pequim se torne claro, espera-se a manutenção do nervosismo. A incerteza eleva os níveis de volatilidade, e o recente rali do índice de medo VIX provavelmente resultará em uma nova correção ou em uma fase de consolidação mais ampla no mercado de ações.

No gráfico diário, o S&P 500 claramente transita de uma fase de tendência para uma negociação lateralizada, dentro de um intervalo. Como antecipado, a incapacidade dos compradores (touros) de sustentar os ganhos acima de 6.725 sinaliza enfraquecimento da força compradora, e alerta os vendedores. Uma queda abaixo das zonas de suporte em 6.590 e 6.570 abriria caminho para novas posições vendidas e aprofundaria a correção do mercado.