Pelo segundo dia consecutivo, o ouro mantém uma trajetória negativa, sendo negociado próximo da média móvel simples de 100 dias (SMA), testada há três dias. Os traders reduziram as expectativas de um afrouxamento mais agressivo da política monetária pelo Federal Reserve dos EUA, após os dados do índice de preços ao produtor da semana passada indicarem pressões inflacionárias crescentes.

Além disso, o presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, afirmou na quinta-feira que a atual postura de política monetária do banco central é "moderadamente restritiva", demonstrando cautela em relação a um possível corte de juros em setembro.

A presidente do Fed de Cleveland, Beth Hammack, também destacou a importância de manter uma política moderadamente restritiva para combater a inflação. Segundo ela, o principal problema é que a inflação continua elevada e segue em uma direção indesejada. Esse posicionamento sustentou a alta semanal do dólar, pressionando o ouro pelo segundo dia consecutivo.

Ao mesmo tempo, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, em entrevista à Bloomberg TV, afirmou que os novos dados de inflação o levaram a reavaliar os cortes de juros, indicando que a reunião de política monetária de setembro poderá trazer uma decisão concreta.

A presidente do Fed de Boston, Susan Collins, declarou estar preparada para um corte de juros em setembro, considerando os riscos associados ao enfraquecimento do mercado de trabalho e ao aumento das tarifas. Segundo a ferramenta FedWatch do CME Group, os traders atribuem uma probabilidade de 75% a um corte de juros pelo Fed e projetam pelo menos duas reduções de 25 pontos-base até o final do ano. Essas expectativas foram reforçadas pelos dados divulgados na quinta-feira, que mostraram que, em três meses, os pedidos de subsídio de desemprego atingiram o nível mais alto em anos, enquanto os pedidos contínuos chegaram ao maior patamar em quase quatro anos.

Nesse contexto, faz sentido acompanhar de perto o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, em busca de novos sinais sobre um possível corte de juros. Qualquer indicação terá impacto significativo na dinâmica de curto prazo do dólar americano e poderá determinar a próxima etapa do movimento do ouro, ativo de baixo rendimento.

Do ponto de vista técnico, a mínima da sessão asiática em torno de 3325 vem contendo a pressão imediata de queda antes da SMA de 100 dias, atualmente situada em 3315. Uma quebra sustentada abaixo dessa região poderia servir como gatilho para os vendedores. Um movimento descendente que ultrapasse o nível psicológico de 3300 em direção ao suporte em 3270 — e uma posterior quebra desse patamar —, no contexto de osciladores diários levemente negativos, sugeriria que o caminho está aberto para perdas mais profundas.

Por outro lado, a faixa de 3340–3350 tornou-se uma barreira relevante no curto prazo. Uma nova onda de fechamento de posições vendidas acima dessa zona poderia impulsionar o metal precioso em direção à resistência em 3375. O movimento de alta, por sua vez, poderia se estender até o nível psicológico de 3400, antes de o XAU/USD mirar a zona de oferta em 3440–3435.